terça-feira, 5 de março de 2013

Juventude e o mundo do trabalho







juventude-e-o-mundo-do-trabalhoA juventude brasileira no contexto sócio-político-econômico atual se depara com inúmeros desafios. A entrada no mundo do trabalho é um deles.  Inserção precária, taxas de desemprego e rotatividades elevadas, baixos salários e longas jornadas, incompatível com a continuidade dos estudos, entre outros aspectos, são marcantes na vida de grande parte dos jovens brasileiros, especialmente daqueles excluídos da riqueza socialmente construída.
A juventude, enquanto um período específico do ciclo de vida é marcada pela superação da condição anterior de dependência e proteção exigida pela infância e adolescência. E, prosseguida pelo desenvolvimento de sua autonomia, processo esse vivenciado em um contexto de uma sociedade capitalista que limita seu potencial criativo e o desenvolvimento de suas habilidades com desigualdades segundo a idade, a classe social, o gênero, a cor/raça, os níveis de escolaridade e os locais de moradia.
Historicamente, mesmo com maior crescimento econômico e com o consequente aumento das ocupações, os jovens são absorvidos pelo mercado de trabalho com intensidade bem inferior ao da população adulta. Mulheres jovens seguem registrando condições desfavoráveis de inserção, autonomia e renda em relação aos homens jovens; maior proporção de emprego em setores de baixa produtividade e os ingressos mais baixos, ainda que com os mesmo níveis de educação. Não restam dúvidas de que, em geral, os e as jovens de renda mais baixa ingressam mais cedo no mercado de trabalho, muitas vezes sem concluir a escolaridade básica. No caso das jovens mães de famílias pobres, o tempo dedicado ao trabalho reprodutivo e de cuidado realizado na esfera doméstica representa um obstáculo adicional para a continuidade da trajetória escolar/acadêmica e para a inserção no mundo do trabalho, obstáculo adicional esse fruto de organização familiar e societária patriarcal e machista em que dividem de forma desigual os papéis a serem desempenhados.
Os efeitos da estrutura e dinâmica do mercado de trabalho brasileiro exigem do jovem estudante e trabalhador uma carga de horário e dedicação que usurpa o direito à experimentação, tempo livre e uma formação escolar acadêmica com qualidade. Em conjunto com isso o sistema de ensino se mostra ineficaz e incoerente com a realidade da juventude trabalhadora. Há a necessidade da democratização do acesso e uma revolução pedagógica casado com políticas de assistencial estudantil, em todos os níveis de ensino, para que a juventude trabalhadora não abandone o meio acadêmico pela necessidade objetiva de trabalho e renda pra suprir suas próprias necessidades básicas ou até mesmo de sua família. A proposição de um conjunto de ações em torno das condições específicas deve dialogar com a realidade da juventude rural e das comunidades tradicionais, bem como de jovens imigrantes, com deficiência, mulheres e negros.
Os governos e a sociedade civil organizada devem mobilizar esforços para a utilização de distintos instrumentos na melhora contínua em uma abordagem integral voltada para fortalecer o potencial das novas gerações, inserida numa perspectiva de ciclo de vida, devendo pautar-se pela garantia dos direitos dos e das jovens enquanto cidadão e das juventudes, em cada uma de suas diversidades e expressões, assim como os direitos da juventude enquanto manifestação histórica de uma geração em sua relação com o mundo adulto na busca por igualdade de oportunidades e condições básicas para construir uma sociedade que contrapõe o modelo vigente.


Gil Piauilino
Estudante de Serviço Social da UnB

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