domingo, 6 de maio de 2012

Durante encontro, Grito dos Excluídos reafirma tarefa de lutar por outro mundo possível


Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital


Neste final de semana (28 e 29), representantes de organizações de 15 países da América Latina e do Caribe, membros da Rede Grito dos Excluídos, se reuniram em Quito, no Equador, para trocar informações, avaliar suas ações e planejar o futuro. Deste evento saiu a declaração ‘Nosso grito é comunicação para a emancipação’.
No documento, os ativistas pedem o fim da discriminação, sobretudo de mulheres, afrodescendentes, jovens e povos indígenas, populações milenarmente excluídas de políticas públicas e abandonadas pelas autoridades. Pedem também o fim de todas as formas de criminalização da pobreza e da luta social.
Outra mudança pedida é a verdadeira democratização nos países da América Latina e do Caribe, com o desenvolvimento de ações junto aos povos e não contra eles. Neste contexto, pedem o fim de projetos extrativos, como a mineração a céu aberto, que prejudica a saúde das populações e afetam o meio ambiente, além de ocupar terras indígenas e usar de forma irresponsável recursos naturais essenciais como a água.
A necessidade urgente de por um ponto final à militarização nos países da região também foi abordada. Hoje, nações como Colômbia, Chile, República Dominicana e Honduras sofrem com a "vergonhosa ingerência” das tropas norte-americanas. A declaração também lembra a situação das ilhas Malvinas, região pela qual a Argentina luta para retomar sua soberania, e a do Haiti, país fortemente militarizado e onde se gasta cerca de 66 milhões de dólares por ano, quantia que poderia ser mais bem utilizada em setores como saúde, educação e moradia.
Os/as ativistas também levantam ‘um grito’ pelo imediato fim das violações de direitos humanos na AL e no Caribe, sobretudo em Honduras, onde após o golpe de Estado de junho de 2009, campesinos, jornalistas, povos indígenas e defensores/as de DH passaram a ser ainda mais perseguidos, ameaçados e reprimidos.
A mesma solidariedade também foi oferecida a Cuba, já que a ilha continua a sofrer os efeitos do bloqueio econômico, comercial e financeiro estadunidense iniciado em fevereiro de 1962 e em vigor até hoje, como provou o veto à participação da ilha na Cúpula das Américas.
Em tempos em que as manipulações midiáticas são comuns, o Grito dos Excluídos levanta a voz por novas leis de democratização da comunicação e pela construção de um tecido de comunicação contra-hegemônico desde os movimentos sociais.
"Um grito para resgatar o caráter essencialmente relacional da comunicação, especialmente para saber compreender e alimentar as novas formas de sensibilidade, politização e organização dos jovens, que incluem, mas superam as formas tradicionais”, completam.
A luta dos movimentos estudantis, principalmente do Chile, Colômbia e Porto Rico, que reivindicam educação pública de qualidade, também é apoiada, assim como a liberdade dos cinco cubanos e o fim da perseguição aos migrantes.
Reunidos em Quito, os membros do Grito dos Excluídos reassumiram "a tarefa e o desafio de construir um espaço ou casa comum para o encontro histórico dos povos que lutam contra todas as injustiças e por um outro mundo possível”.

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